sexta-feira, 8 de abril de 2011

A DOR DA ALMA DÓI NO CORPO

Há trina anos, motivado pelas queixas constantes de seus pacientes, o psiquiatra americano Sthephen Stahl, de 59 anos, professor da Universidade da Califórnia, decidiu estudar a relação entre dor física e depressão. Apesar de acometer até 80% dos doentes, um problema raramente é associado ao outro. Especializado em neurologia e farmacologia, ele se dedica a desvendar (e tentar reverter) o desequilíbrio cerebral que faz com que a vida dos deprimidos seja ainda mais penosa.
   Nos manuais de medicina, os sintomas da depressão são os seguintes: perda de vitalidade ou de interesse pela vida, dificulddae de concentração, sentimento de culpa, problemas de sono (excesso ou falta dele), pensamentos ou atos suicidas, fadiga, alterações de apetite e peso (tanto ganho quanto perda), comprometimento da habilidade psicomotora (agitação ou lentidão). Nenhum deles está relacionado à dor. O conceito de remissão, de cura completa, prevê o desaparecimento de todos os sintomas depressivos. Oito de cada dez pacientes com depressão moderada ou grave apresentam algum tipo de dor, em maior ou menor grau. Apesar de se manifestar em determinada região do corpo (ou nele todo, como acontece em boa parte dos casos), a dor física da depressão está no cérebro do paciente, onde é processada equivocadamente. Muitas vezes o paciente não acredita quando o médico diz que aquele sofrimento físico pode ser sintoma de depressão. 
   A dor causada pela depressão é muito semelhante à chamada dor-fantasma, comum entre os amputados. Uma pessoa que perdeu a perna, por exemplo, pode sentir o pé doer. Isso acontece porque os circuitos da medula espinhal, responsáveis pela transmissão dos estímulos entre o pé e o cérebro, ainda estão lá, funcionando.
Fonte: Revista VEJA - 6 abril 2011 - p. 100 e 101.

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